
Pastor Célio Camargo e membros da ICM cantam durante culto (Foto: João Luiz da Silva/ICM)
Igreja de Maringá acolhe homossexuais
Templo recebe gays que procuram auxílio espiritual edá abrigo a vítimas de preconceito dentro das próprias famílias
JOEL SILVA Aluno de Jornalismo
A comunidade gay conquistou importantes espaços na sociedade desde a segunda metade do século passado, inclusive no campo religioso. Hoje, existem algumas igrejas que não condenam nem consideram a homossexualidade um pecado, diferentemente das religiões tradicionais. A ICM (Igreja da Comunidade Metropolitana), com sede numa pequena casa do Jardim Alvorada, zona norte de Maringá, é um exemplo. Lá, a orientação sexual dos membros não é considerada obstáculo para o exercício da fé.
É preciso ir além das palavras lidas na Bíblia atual e se permitir a novas interpretações sobre o contexto hitórico no qual os textos foram escritos há mais de 3.000 anos
Os cultos da ICM são realizados três vezes por semana, com direito a músicas de adoração, pregação, ceia e ornamentação, exceto pela bandeira do arco iris no púlpito, muito parecida com a de outras igrejas cristãs. “A ICM não é uma igreja para a sexualidade, é para a espiritualidade”, afirma o pastor Célio Camargo, homossexual e membro da igreja desde 2004, afastando a ideia de que está à frente de uma “igreja gay”.
No mesmo local, a ICM acolhe homossexuais que não são aceitos pelas próprias famílias. Wellington Aparecido Silva, 23 anos, é um dos oito atuais moradores. Soropositivo para HIV, Silva foi expulso de casa quando relevou a homossexualidade. “Fiquei num albergue um mês, depois dormi na rua, passei fome. Até que me falaram daqui [referindo-se à igreja]. Eu nunca tive uma família que me ama de verdade. Eles, aqui, sempre estão do meu lado, cuidam de mim”, diz.
A ICM não é uma igreja para a sexualidade, é para a espiritualidade ( QUER DIZER NÃO SE IMPORTA COM A SEXUALIDADE DE NINGUÉM E SIM DOS FILHOS E FILHAS DE DEUS)
Por conta da aceitação da homossexualidade, alguns pastores de outras denominações se incomodam com a presença da ICM em Maringá. “Houve até reuniões com o Conselho de Pastores. Em uma reunião alguém disse que teriam de dar um jeito de fechar nossa igreja”, lamenta o pastor Célio Camargo. Para ele, “usam trechos da Bíblia que não têm nada a ver com a homossexualidade para condenar pessoas GLBT [Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros]“.
Quanto à doutrina da ICM, Elton Sadao Tada, professor de Teologia, explica que a Igreja Metropolitana segue doutrina semelhante à de igrejas evangélicas “mais abertas”. “Com a diferença que não prega ‘cura espiritual’ para os gays.” Mas, segundo eloe, tal doutrina não permite tudo. “Para entender o que ela prega, é preciso ir além das palavras lidas na Bíblia atual e se permitir a novas interpretações sobre o contexto hitórico no qual os textos foram escritos há mais de 3.000 anos.”
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.